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domingo, 6 de novembro de 2011

Nós para amarrar nós.

         Hoje eu só queria te ver e ficar calada, quieta. Até porque falar nunca foi meu ponto forte, sou melhor observando. E exatamente assim foi que melhor te conheci. Talvez você nem sabia dos detalhes que eu consigo reparar. Seus sorrisos, por exemplo, são vários. Posso perceber através do seu sorriso a sua agonia, sua felicidade, sua raiva, timidez ou até mesmo um sorriso sem motivo, sem graça, sem cor. Conheço cada sinal, por mais imperceptíveis que sejam e por isso tornaram-se tão meus. Ainda que eu saiba como se sentes, não sei se devo, mas aceito o que tentas fingir. Embora ache que te conheça perfeitamente, você acaba escapando. Te perco fácil. Mania minha de perder as coisas de extrema importância na minha vida. Ainda não aprendi a dar valor e possuir ao mesmo tempo. E por falar em tempo... Há tempos não te vejo, não te toco, não te sinto. Não ouço seus sambas, suas rimas, seus poemas. Não danço do seu jeito, não tropeço em você, não conto seus sinais que são meus. Não sei por onde andas, com quem andas, quem segura as suas mãos. Não sei de você, não sei de nós dois, não sei de nada. Eu sinto o seu perfume em cada página dos livros, em cada roupa que eu não lavei pra não deixar de sentir o seu cheiro. Eu só bebo água no copo em que você bebeu aquele vinho e só assim eu toco bem perto da sua boca. Vivo agora nesse estado desprezível de um ser humano. Eu nem sei se você foi embora mesmo, talvez eu tenha te visto há doze minutos. Mas meu drama é pra te trazer pra perto, a saudade tem dessas coisas. Eu sou uma criança mimada e você o velho-senhor-cheio-de-sabedoria. Os períodos que eu escrevo são curtos, não sou fã das vírgulas, amo os pontos. Eu só queria ser mais direta, te trazer sempre pra perto, não te deixar ir embora, segurar suas mãos. Não importa se doze, onze ou três minutos, um segundo seria o bastante pra você ir e voltar. Eu vou dar um nó, desses nós que são cegos, que não soltam, não desamarram. Que é pra poder ter tempo e não desgrudar de tu, menino. Vou recontar seus sinais, conhecer seus dez outros tipos de sorrisos e te ouvir cantar aqueles sambas de uma nota só.

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