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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Descalçando os pés.




       De todas as viagens que já fiz, de tantas outras que já desejei fazer, essa será a única que não terá volta. Foi o que resolvi, de forma imediata, sem pensar no que me acontecerá depois. Na minha mala, levo o necessário pra manter minha lucidez, se é que necessito. No bolso, algumas moedas. Na cabeça, as lembranças dos bons amigos e as lições que tirei de todas as aversões que me couberam um dia. Levo a fotografia. Levo a cor. Levo os sons que ouvi, que marcaram, que deixaram rastros. Levo as pegadas. Levo os sonhos e as cartas. Levo você comigo.Não quero me despedir, também não sei se vou voltar. Mas não quero levar comigo nenhuma dor, a não ser que seja saudade, que as vezes bate no peito. Levarei as lágrimas e minha sensibilidade justa. Carregarei alguns livros na memória, já que os próximos serão escritos por mim, com minha letra, no meu papel amarelado e rasgado. Resolvi ir, porque já não há mais razão pra se prender a nada. Esse mundo é normal demais, as coisas anormais é que dariam um jeito em tudo.Eu vou viver pelo mundo, vou andar de carona, fazer viagem astral. Qualquer coisa que me livre dessa realidade absurda que se propaga e nos faz reféns por estarmos acostumados. Eu não quero me acostumar a nada, nunca quis. E por isso vou, estou indo embora. Sinto que estou ficando leve, só de falar. Vou conhecer outros lugares, vou viver da natureza e do que ela nos oferece. Vou tomar banho de sol, de lua, de chuva. e de mar. Meus pés estarão descalços, meus cabelos despenteados. E minhas mãos estarão dadas às  suas.Vamos viver de amor.

A felicidade a gente leva numa mochila velha, que é pra não chamar a atenção dos ladrões.

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