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segunda-feira, 6 de agosto de 2012

"O amor, eu bem sei, já provei..."

         Eu aprendi o que era amor quando perdi tudo aquilo que eu achava que possuía. Foi quando deixei ir embora uma das maiores partes de mim. Foi nessa hora que pude me descobrir e redescobrir minha vida independente. Foi vivendo só, que aprendi a viver junto.
       Não era amor quando eu desejava viver vinte e cinco horas e meia com ele. Não era amor quando eu procurava incessantemente algum deslize que ele pudesse ter cometido. Não era amor quando eu morria de ciúmes. Também não foi amor quando eu deixei de viver a minha vida, pra viver a dele. Não foi amor quando eu contei alguma mentira pra não haver brigas. Não foi amor quando desejei que ele só fosse feliz ao meu lado. O amor não é egoísta. Não foi amor quando deixei de ser sincera pra evitar magoá-lo. Não foi amor todas as vezes que assumi um orgulho ímpar, no lugar de torcer o braço e correr atrás da vontade de tê-lo perto. Não foi amor quando, muitas vezes, me peguei relembrando os erros anteriores, catucando feridas, remoendo mágoas passadas. Não foi amor quando permiti que houvesse mágoas. Não foi amor quando aumentei a voz,  tampouco quando simplesmente calei, cansada de qualquer coisa menor. O amor é mais que isso ou bem menos.
        Foi amor quando eu deixei que ele voasse e voei também. Foi amor quando aprendi que nossa liberdade estava condenada. Foi amor quando abri mão, sem querer possuí-lo e deixei que voltasse na hora que bem entendesse. Foi amor quando engoli o orgulho pra mandar uma mensagem. Foi amor quando assumi até os pequenos erros. Foi amor quando acordei chorando, sabendo que não haveria presença, mas havia a escolha certa. Foi amor quando aceitei sua felicidade com outra pessoa. Foi amor quando levantei a cabeça. Foi amor quando eu quis que tudo aquilo fosse verdadeiro, e deixei que fosse, por si só. E foi verdadeiro quando me desprendi dessa mania feia de achar que amor é tudo aquilo que nos convém, quando na verdade, ele é tudo aquilo que condiz e nos conduz.


"É por isso que se há de entender
Que o amor não é um ócio
E compreender
Que o amor não é um vício
O amor é sacrifício
O amor é sacerdócio
Amar
É iluminar a dor
- como um missionário."  


 Chico Buarque de Holanda.