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domingo, 6 de novembro de 2011

Bate-tum-tum-tum, cambaleia.

    Estou cambaleando, amor. Cambaleando no samba. Cambalear é bom. Estou cantando sem rima ou cor, dançando de perna bamba, eu curto perder o tom. Não sei se vou embora quando esse sambinha acabar, talvez eu ouça uma bossa, sozinha e em casa, deixando o sonzinho me acompanhar. Cadê você, paixão? Venha trazer meu violão, eu nunca mais vou te emprestar. Estou errando no pronome, querido. Mas gosto desse estilo misto, adoro me atrapalhar. Nem sei do que estou falando, o que tem a ver o português com o samba que eu tô tentando criar? Se coloque nesse meu canto, amor. Olha como eu venho te chamando. Sente o que eu também venho sentindo. Veja que eu não sei fazer as rimas. Sambe como eu não sei sambar. Escute aquela velha bossa. Passei de prosa pra texto injuntivo. Não quero ser manual na sua vida. Vem viver nas minhas crônicas e curar minha agonia. Quero mais é ser narradora-personagem, contar daquela viagem que você me prometeu. Lembra que promessa é dívida, que a minha dúvida é ser ou não divida em aceitar ou não essas promessas. Parei de tentar fazer rimas, eu não sei falar, eu não sou poeta. Olha o som que vem de dentro, bate-tum-tum-tum acelerado, eu ouço só de encostar o ouvido no teu abraço. Bate-tum-tum, estou cambaleando, amor. Cambaleando no samba. Cambalear é bom.

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