Páginas

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Do que eu levo na sacola.

      Hoje acordei meio "assim", sabe? Acordei abrindo um olho de cada vez, alongando os braços, esticando os dedinhos. Cada movimento bem pensado e perfeitamente executado. Acordei leve. Levantei com o pé direito, com um sorriso de orelha à orelha. Acordei com uma vontade medonha de dar um mergulho no mar, beber umas cervejas, fazer planos pro futuro, planejar meu casamento na praia e escolher o nome dos meus dois belos filhos, que serão a cara do pai. Liguei o som, tocava "Here comes the sun" e eu rebolava no txu ru ru ru. Sim, REBOLEI.Fui "pro mundo", saí sem rumo na bicicleta na qual eu nem sei andar. Mas nada que umas boas quedas não possam me ensinar. A vida é mesmo assim. Saí com a blusa mais clara que achei. Nada de preto, nada de cinza, nada chamativo. Comprei frutas vermelhas e algumas flores pra enfeitar a sala. Eu nem lembrava há quanto tempo não comprava flores. Já li em algum lugar, se não me engano, Paulo Coelho, que dizia que tem tentar possuir uma flor, verá sua beleza murchar. E é bem verdade, mas não dispenso a chance de ver a casa perfumada. Todas aquelas flores me acalmam, assim como o barulho do vento me acalma, assim como o barulho das pessoas me acalma. Não gosto muito de silêncio, apesar de cultivá-lo. Enfim, flores me deixam feliz.Acho a maior graça me ver falando em felicidade. Eu sou feliz, sabe?! Mas uma tristeza de vem quando me cai bem. Convém. Condiz. Tristeza não é coisa de outro mundo, meu povo. Eu posso fazer as mesmas coisas que a felicidade me induz, mas a tristeza é mais calma, enquanto a felicidade é eufórica. No entanto, hoje acordei querendo felicidade. E mesmo que não quisesse, ela estaria aqui. Ela esteve na minha noite, nos meus sonhos, e me fez levantar da cama. Eu, que já não fazia mais planos, por escolha minha, resolvi planejar o futuro. Dei um beijo na testa do porteiro, desejei um bom dia, apertei a mão do vendedor de frutas, cantarolei Beatles pela rua, me exibindo com minhas flores que murcharão daqui a alguns dias, mas enquanto durar sua beleza efêmera, eu vou ser feliz.Hoje eu acordei querendo plantar uma árvore. Escrevi no papel higiênico inúmeras cartas com canetas coloridas, assinei com letras de fôrma, enviei aos meus amigos. Usei batom vermelho, pintei a unha de verde, vesti uma roupa furada, passei o dia descalça, mandei torpedos, quebrei a TV, não cheguei perto do computador, liguei o som nas alturas, esperei a noite chegar. E chegou. Chegou como sempre chega. É que as vezes me esqueço. Volta e meia eu sempre arrumo um tempo pra falar da lua. Não sei disfarçar esse meu encanto para com ela. "Tá" aí, outra coisa que me traz felicidade.Se eu parasse pra listar as inúmeras coisas que me fazem feliz, caberia no meu bolso um papel, são coisas simples. Nem preciso de listas, conto nos dedos. Não gosto de nada extraordinário. Fazer nada me faz feliz, depende de com quem eu faço nada, entende? Felicidade é uma questão de sentir e de carregar. Eu sinto e carrego, dessa vez, numa caixa de sapatos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário