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terça-feira, 29 de novembro de 2011

sábado, 19 de novembro de 2011







 (...)     "Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante e os olhos encherem d'água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês. Se o primeiro e o último pensamento do dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente divino: o amor. Se um dia tiver que pedir perdão um ao outro por algum motivo e em troca receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro. Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida. Se você conseguir em pensamento sentir o cheiro da pessoa como se ela estivesse ali do seu lado... se você achar a pessoa maravilhosamente linda, mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos emaranhados... Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que está marcado para a noite... se você não consegue imaginar, de maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado... Se você tiver a certeza que vai ver a pessoa envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção que vai continuar sendo louco por ela... Se você preferir morrer antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida. É uma dádiva. Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro. Ou às vezes encontram e por não prestarem atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo acontecer verdadeiramente.
      É o livre-arbítrio. Por isso preste atenção nos sinais, não deixe que as loucuras do dia a dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: o amor."

                                                                       

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

           
       Eu já pensei tanto em desistir, que nem você, nem ninguém é capaz de imaginar. Eu já pensei tanto em ir embora, que minha casa já sabe que não me tem inteira, porque metade de mim está aqui dentro e a outra metade, mora bem longe. Eu já quis tanto te insultar, que qualquer palavra inqualificável  serviria de poema para os meus ouvidos. Eu já quis tanto não sentir, que meu coração fica latejando e eu sinto minha pulsação bem mais forte, quase como castigo pra quem não quer sentir nada. Eu penso tanto em você, que meu cérebro fica lento quando tento pensar em outra coisa e eu perco os subsídios pra uma imaginação mais fértil. É uma semi-letargia. Eu ando tão frágil ultimamente, que minha pressão baixa, eu finco tonta, tremendo, e escondo minhas mãos pra que você não veja. Eu não suporto a ideia de você me enxergar como uma fraca e sentir pena. 
     Dia desses eu saio correndo, feito louca, sem querer saber onde vou parar, em quem vou tropeçar. Talvez até tropece em você, vou te bater, sem querer te machucar, sem querer saber quem sou. Eu minto quando digo que desisto de entender, porque no fundo é o que eu quero, mas não consigo. Eu minto quando digo que não dói. Minto quando digo que não sinto nada ao lembrar da primeira vez que brigamos. Eu tenho esse direito de querer esconder minhas dores. Eu escuto as canções que eu fiz, e vou te encaixando em cada frase que eu escrevi. Você sabe bem o quanto eu quero te alcançar as vezes e parece que, propositalmente, vai se distanciando, esperando que eu vá atrás. E eu não vou. Não por que não quero, mas porque não consigo. 
     Eu sou tão dramática quando escrevo, que fico rindo de mim mesma. Nem tudo que eu quero te falar, eu tenho coragem. E ninguém vai conseguir enxergar nessas letras o que eu quero, de fato, dizer. Você acha que me conhece bem, nem eu me conheço. Nem nos conhecemos, nunca nos encontramos de verdade. Você vai indo embora sem olhar pra trás, e eu vou correndo em sentido oposto, achando que vou te encontrar na outra ponta. Acho melhor parar com a bebiba, eu nem sei do que estou falando. Eu vou mentindo pra mim mesma. Digo e repito: eu não te amo. E só as duas últimas vão sendo injetadas em mim. Quanta ironia, até parece que é necessário.      

Da carta recebida.

      Exatamente às 20:30, o mesmo horário em que sempre nos encontrávamos, recebi uma correspondência. Não tinha endereço. Não havia remetente. Apenas um envelope velho, tanto quanto o costume de mandar cartas. Abri. Era um papel velho, rabiscado, rasgado e amarelado pelo tempo. Era um papel velho. Sensível e tosco. Era um papel rabiscado. Era velho, fim. A letra era medonha, engraçada e vermelha. Logo reconheci, meus olhos brilhavam e enchiam de lágrimas. Era você!
     Li, interpretei de várias formas, idealizei várias realidades, mas entendi o recado. Sempre foi assim, não é? Jamais fomos objetivos. Não lembro de termos feito alguma promessa, mas nunca fomos diretos ao ponto. Aquela folha amarelada e ressecada não era apenas o primeiro bilhete que você me deu, significava o fim de tudo. Aquelas rimas toscas e repetidas, significavam suas palavras vazias, nossas promessas vãs e nossas discussões sem propósito. Hoje eu vejo que te entendia e me surpreendo com sua forma sutil de pôr um fim nas coisas e mostrar que tudo está descolorido.

     Fechei a carta. Peguei o café, um dos seus vícios. Abri as janelas, deixei o vento circular. Pus a meia, não queria sentir frio. Me joguei no sofá, resolvi esperar a madrugada. Sua carta cabia na palma da minha mão. Por muito tempo eu esperei criar coragem e jogá-la pela janela. Mas não criei coragem e tampouco, motivos. Nunca fui do tipo infantil, você me conhece. E por falar em conhecer, encontrei seu avesso. Deixei naquele parque e as lembranças deixei no mar, como quando dei aquele mergulho na sua vida e deixei a minha. Tudo foi ficando com você. Tudo foi ficando. E agora tudo está indo. Tudo está voltando.
     Não reparem a letra, não reparem os verbos. Não reparem a falta de coerência. Mas minha cabeça está longe. Eu não sei como apagar tatuagens. Eu não sei como apagar marcas. Já tentei novos amores. Já tentei rasgar as cartas. Já tentei de várias formas substituir. Mas sua vida sempre vem parar na minha.
    
Oito e meia da manhã. É hora de levantar. Sua carta (minha carta) voou pela janela sem que eu precisasse jogá-la. Meu cabelo assanhou. Minha unha quebrou. Minha meia está rasgada. Meus planos eu refiz em sonhos. O sol está aparecendo. Hoje vou à praia. Vou mergulhar mesmo com medo. Vou dar sete pulinhos, fazer pedidos e praticar o desapego. 

Dos quereres.

      Bom dia. Boa Tarde. Boa noite. Eu desejo que sejam bons, todos os momentos.
Vira e mexe vou falando do que quero. Nós humanos, "queremos", o tempo todo. Hoje eu acordei querendo um pouco mais de razão. Sabe, ultimamente - e sempre foi assim- ando querendo mais de mim, porque já quis muito dos outros. E não obtive sucesso nos meus quereres. Eu queria mais compreensão, e sempre quis menos egoísmo, sem saber se era egoísmo o meu querer. É querer demais desejar que os outros pensem mais em mim? É, é sim.
    Nunca quis ser loira, e hoje sou. Cômico, não? Os quereres têm dessas coisas. Um dia disse que jamais seria professora. E prestarei vestibular pra Letras. Parece que a vida quer te ensinar a não querer. Um dia quis ter o cabelo grande, hoje tenho vontade de cabelo curto, de cachos e de franjas. Pinto minhas unhas apenas de vermelho, hoje quis pintar de preto. Já quis ter cabelo roxo. Já quis tomar banho de chuva e tomei. Já quis tanto uma bicicleta, que quando tive, desprezei-a. Nunca quero falar de mim, e olhe só do que estou falando.
   Eu quero dez coisas ao mesmo tempo. E desejo apenas querer uma. Eu, nessa manifestação do querer, quero manifestações do silêncio, e quero sempre a verdade. Não queria querer. Não quero nunca querer. E desejo querer sempre. Não queira entender.Eu queria ser maior, ser mais forte. Um dia quis ser fria, e tenho medo de tornar um dia, um cubo de gelo ambulante, onde nenhum sentimento penetrará, onde força alguma caberá. Porque gelo derrete quando algo esquenta, e o amor tem temperatura elevadíssima. O problema é que hoje em dia, ninguém quer amar.
     Um dia conversei com um amigo e quis saber qual o meu pronto fraco. Eu quis descobrir qual era o seu maior segredo. Eu queria um abraço e um beijo. Um dia quis amar um amigo e amei. Eu quis, eu quero, eu quero. Nós sempre vamos querer, mesmo sem sentir. Eu quis perceber quem mentia pra mim. Eu quis descobrir verdades. Eu quis nunca ser enganada e fui. Eu já tive o que quis. E tive algo do que nunca quis ter. Eu quis querer muitas coisas.  
    Quereres, isso eu possuo, mesmo sem querer. Porque assim é a vida, e assim são as pessoas, querendo sempre nos contrariar.

Descalçando os pés.




       De todas as viagens que já fiz, de tantas outras que já desejei fazer, essa será a única que não terá volta. Foi o que resolvi, de forma imediata, sem pensar no que me acontecerá depois. Na minha mala, levo o necessário pra manter minha lucidez, se é que necessito. No bolso, algumas moedas. Na cabeça, as lembranças dos bons amigos e as lições que tirei de todas as aversões que me couberam um dia. Levo a fotografia. Levo a cor. Levo os sons que ouvi, que marcaram, que deixaram rastros. Levo as pegadas. Levo os sonhos e as cartas. Levo você comigo.Não quero me despedir, também não sei se vou voltar. Mas não quero levar comigo nenhuma dor, a não ser que seja saudade, que as vezes bate no peito. Levarei as lágrimas e minha sensibilidade justa. Carregarei alguns livros na memória, já que os próximos serão escritos por mim, com minha letra, no meu papel amarelado e rasgado. Resolvi ir, porque já não há mais razão pra se prender a nada. Esse mundo é normal demais, as coisas anormais é que dariam um jeito em tudo.Eu vou viver pelo mundo, vou andar de carona, fazer viagem astral. Qualquer coisa que me livre dessa realidade absurda que se propaga e nos faz reféns por estarmos acostumados. Eu não quero me acostumar a nada, nunca quis. E por isso vou, estou indo embora. Sinto que estou ficando leve, só de falar. Vou conhecer outros lugares, vou viver da natureza e do que ela nos oferece. Vou tomar banho de sol, de lua, de chuva. e de mar. Meus pés estarão descalços, meus cabelos despenteados. E minhas mãos estarão dadas às  suas.Vamos viver de amor.

A felicidade a gente leva numa mochila velha, que é pra não chamar a atenção dos ladrões.

Do que eu levo na sacola.

      Hoje acordei meio "assim", sabe? Acordei abrindo um olho de cada vez, alongando os braços, esticando os dedinhos. Cada movimento bem pensado e perfeitamente executado. Acordei leve. Levantei com o pé direito, com um sorriso de orelha à orelha. Acordei com uma vontade medonha de dar um mergulho no mar, beber umas cervejas, fazer planos pro futuro, planejar meu casamento na praia e escolher o nome dos meus dois belos filhos, que serão a cara do pai. Liguei o som, tocava "Here comes the sun" e eu rebolava no txu ru ru ru. Sim, REBOLEI.Fui "pro mundo", saí sem rumo na bicicleta na qual eu nem sei andar. Mas nada que umas boas quedas não possam me ensinar. A vida é mesmo assim. Saí com a blusa mais clara que achei. Nada de preto, nada de cinza, nada chamativo. Comprei frutas vermelhas e algumas flores pra enfeitar a sala. Eu nem lembrava há quanto tempo não comprava flores. Já li em algum lugar, se não me engano, Paulo Coelho, que dizia que tem tentar possuir uma flor, verá sua beleza murchar. E é bem verdade, mas não dispenso a chance de ver a casa perfumada. Todas aquelas flores me acalmam, assim como o barulho do vento me acalma, assim como o barulho das pessoas me acalma. Não gosto muito de silêncio, apesar de cultivá-lo. Enfim, flores me deixam feliz.Acho a maior graça me ver falando em felicidade. Eu sou feliz, sabe?! Mas uma tristeza de vem quando me cai bem. Convém. Condiz. Tristeza não é coisa de outro mundo, meu povo. Eu posso fazer as mesmas coisas que a felicidade me induz, mas a tristeza é mais calma, enquanto a felicidade é eufórica. No entanto, hoje acordei querendo felicidade. E mesmo que não quisesse, ela estaria aqui. Ela esteve na minha noite, nos meus sonhos, e me fez levantar da cama. Eu, que já não fazia mais planos, por escolha minha, resolvi planejar o futuro. Dei um beijo na testa do porteiro, desejei um bom dia, apertei a mão do vendedor de frutas, cantarolei Beatles pela rua, me exibindo com minhas flores que murcharão daqui a alguns dias, mas enquanto durar sua beleza efêmera, eu vou ser feliz.Hoje eu acordei querendo plantar uma árvore. Escrevi no papel higiênico inúmeras cartas com canetas coloridas, assinei com letras de fôrma, enviei aos meus amigos. Usei batom vermelho, pintei a unha de verde, vesti uma roupa furada, passei o dia descalça, mandei torpedos, quebrei a TV, não cheguei perto do computador, liguei o som nas alturas, esperei a noite chegar. E chegou. Chegou como sempre chega. É que as vezes me esqueço. Volta e meia eu sempre arrumo um tempo pra falar da lua. Não sei disfarçar esse meu encanto para com ela. "Tá" aí, outra coisa que me traz felicidade.Se eu parasse pra listar as inúmeras coisas que me fazem feliz, caberia no meu bolso um papel, são coisas simples. Nem preciso de listas, conto nos dedos. Não gosto de nada extraordinário. Fazer nada me faz feliz, depende de com quem eu faço nada, entende? Felicidade é uma questão de sentir e de carregar. Eu sinto e carrego, dessa vez, numa caixa de sapatos.

domingo, 6 de novembro de 2011


                      E se à meia-noite o sol raiar
                        E se o meu país for um jardim
                             E se eu convidá-la para dançar
                                E se ela ficar assim, assim
                                  E se eu lhe entregar meu coração
                                       E meu coração for um quindim
                                              E se o meu amor gostar então
                                                            De mim.

Nós para amarrar nós.

         Hoje eu só queria te ver e ficar calada, quieta. Até porque falar nunca foi meu ponto forte, sou melhor observando. E exatamente assim foi que melhor te conheci. Talvez você nem sabia dos detalhes que eu consigo reparar. Seus sorrisos, por exemplo, são vários. Posso perceber através do seu sorriso a sua agonia, sua felicidade, sua raiva, timidez ou até mesmo um sorriso sem motivo, sem graça, sem cor. Conheço cada sinal, por mais imperceptíveis que sejam e por isso tornaram-se tão meus. Ainda que eu saiba como se sentes, não sei se devo, mas aceito o que tentas fingir. Embora ache que te conheça perfeitamente, você acaba escapando. Te perco fácil. Mania minha de perder as coisas de extrema importância na minha vida. Ainda não aprendi a dar valor e possuir ao mesmo tempo. E por falar em tempo... Há tempos não te vejo, não te toco, não te sinto. Não ouço seus sambas, suas rimas, seus poemas. Não danço do seu jeito, não tropeço em você, não conto seus sinais que são meus. Não sei por onde andas, com quem andas, quem segura as suas mãos. Não sei de você, não sei de nós dois, não sei de nada. Eu sinto o seu perfume em cada página dos livros, em cada roupa que eu não lavei pra não deixar de sentir o seu cheiro. Eu só bebo água no copo em que você bebeu aquele vinho e só assim eu toco bem perto da sua boca. Vivo agora nesse estado desprezível de um ser humano. Eu nem sei se você foi embora mesmo, talvez eu tenha te visto há doze minutos. Mas meu drama é pra te trazer pra perto, a saudade tem dessas coisas. Eu sou uma criança mimada e você o velho-senhor-cheio-de-sabedoria. Os períodos que eu escrevo são curtos, não sou fã das vírgulas, amo os pontos. Eu só queria ser mais direta, te trazer sempre pra perto, não te deixar ir embora, segurar suas mãos. Não importa se doze, onze ou três minutos, um segundo seria o bastante pra você ir e voltar. Eu vou dar um nó, desses nós que são cegos, que não soltam, não desamarram. Que é pra poder ter tempo e não desgrudar de tu, menino. Vou recontar seus sinais, conhecer seus dez outros tipos de sorrisos e te ouvir cantar aqueles sambas de uma nota só.

Bate-tum-tum-tum, cambaleia.

    Estou cambaleando, amor. Cambaleando no samba. Cambalear é bom. Estou cantando sem rima ou cor, dançando de perna bamba, eu curto perder o tom. Não sei se vou embora quando esse sambinha acabar, talvez eu ouça uma bossa, sozinha e em casa, deixando o sonzinho me acompanhar. Cadê você, paixão? Venha trazer meu violão, eu nunca mais vou te emprestar. Estou errando no pronome, querido. Mas gosto desse estilo misto, adoro me atrapalhar. Nem sei do que estou falando, o que tem a ver o português com o samba que eu tô tentando criar? Se coloque nesse meu canto, amor. Olha como eu venho te chamando. Sente o que eu também venho sentindo. Veja que eu não sei fazer as rimas. Sambe como eu não sei sambar. Escute aquela velha bossa. Passei de prosa pra texto injuntivo. Não quero ser manual na sua vida. Vem viver nas minhas crônicas e curar minha agonia. Quero mais é ser narradora-personagem, contar daquela viagem que você me prometeu. Lembra que promessa é dívida, que a minha dúvida é ser ou não divida em aceitar ou não essas promessas. Parei de tentar fazer rimas, eu não sei falar, eu não sou poeta. Olha o som que vem de dentro, bate-tum-tum-tum acelerado, eu ouço só de encostar o ouvido no teu abraço. Bate-tum-tum, estou cambaleando, amor. Cambaleando no samba. Cambalear é bom.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Despindo ida. Doída. Despedida.

            Acabou, não é? Eu sei que acabou. Eu pude ver nos seus olhos, quase nem acreditei. Na verdade, não quis acreditar. E finjo que não sei de nada. É que eu sou fraca demais, e as vezes fingir pra mim mesma diminui a dor por mais alguns dois segundos. Eu não me preparei pra soltar das suas mãos e caminhar sozinha assim, tão de repente. Eu sou menina, amor, me entenda. Sou uma criança aprendendo a andar nessas linhas curvas que compõem a vida. Não quero que segure minhas mãos e me ajude atravessar as ruas, apenas por pena ou cuidado. Eu queria que fosse amor, amor de atravessar ruas porque seguem o mesmo caminho. Dá pra entender essas coisas? Eu tinha tanto ainda pra te falar, coisas que nem mesmo ouvi e falaria pela primeira vez. Mas você está indo assim, devagarzinho, de mansinho pra não me acordar. Se for mesmo, deixa minha lista de desejos, que não serão os mesmos sem você, mas vão me servir de roteiro por um bom tempo. Desculpa se eu não sei amar ainda, eu achava que estava aprendendo. Meu coração acelerado é quem dizia. Agora, por favor, me manda levantar a cabeça e seguir. Me deseja uma boa noite e canta pela última vez, só pra eu tentar dormir.
             Aguenta, coração. Que essa vida não é fácil, que as pessoas são de verdade e a verdade as vezes machuca. Aguenta, coração. Que você não é de ferro, que esse mundo anda triste, que os  sonhos não são tão reais. Aguenta, coração. Já que você quer amar, você precisa de paciência, não canse de esperar aquele que te completa. Aguenta, coração. Que os meus olhos estão piscando, que ele está se aproximando, "tá" dando um frio na barriga, minhas mãos estão suando. Aguenta, coração. Que ele está no meu abraço, está curando minhas dores, "tá" se doando pra mim. Aguenta, porque o tempo está passando, as coisas estão mudando, nada é como era antes. Aguenta, coração. Que agora eu já tenho idade, o tempo corre pela casa, assim como correm as crianças. Aguenta, coração. Você já não bate tão forte, minha respiração anda fraca, sinto meus olhos fechando. Aguentastes, tudo o que tu podias. Com você eu fui criança, acelerastes minha vida, me fizestes amar como ninguém e agora vê se descansa em paz.