Páginas

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Ainda.

              "Sabe qual o início do sofrimento? É quando temos nossa primeira paixão e nossa mãe nos diz que não podemos, não temos idade, ainda. Então vamos crescendo, continuamos amando, e... sofrendo ainda. Elas nos dizem, então, que é muito cedo e não temos idade pra sofrer. Vão me perdoar, sei que é proteção ou pelo menos uma tentativa e que por trás dessas palavras e desses limites há muita história e experiência, mas chega uma hora que precisamos sentir essa dor e aprender a viver ou lutar contra ela. E elas bem sabem disso, só querem evitar que a gente passe pelas mesmas coisas, sinta as mesmas dores, cometa os mesmos erros. É uma pena, mas tem coisas que só aprendemos quando sentimos na pele. E assim é que aprendemos a amar, amando, doendo.  Não sei se estou certa em dizer que aprendemos, de fato. Mas assim como nossas mães, vamos ganhando experiências, lições que carregamos pra uma vida toda e ainda assim, vamos cometendo os mesmos erros. Injusto até chamar de erros, o que muitas vezes é capricho nosso, um sonho a realizar, uma meta. Certas vezes seguimos esse caminho porque queremos mesmo, porque queremos arriscar, porque achamos que vale a pena sentir doer, só pra termos ao menos a ilusão de que possuímos um amor, e depositamos neles o desejo de ser feliz. E esse desejo é enorme, tanto, que é capaz de suportar por muito tempo coisas que não deveriam ser aturadas por um segundo, apenas pra ter o prazer de fazer planos de anos ou quem sabe um final de semana inesquecível, juntos.  A gente carrega um amor porque não sabemos usá-lo de longe, não sabemos desejar distância e queremos que ele seja nosso. E não adianta vir dizer pra esquecer, pra jogar pela janela, pra deixar ir embora, porque não deixamos. Sabemos exatamente o que é preciso, o que é certo, mas o nosso sentimento é maior, e seguimos. Entre tantos "entretantos", a gente vai se acostumando e aprendendo a controlar algumas coisas.  Pode passar uma vez, duas, vinte e duas vezes, nosso amor ou desejo de amor correspondido sempre vai existir. Não há idade, tempo certo ou quem sabe, instruções. O amor e a dor sempre vão vir juntas, nós é quem vamos aprender a controlar o nosso ímpeto de nos machucar e querer segurar um peso maior do que nossas mãos, mães e coração suportam, ainda."




                                                     Você vai me entender, Aída.

Um comentário: