quarta-feira, 11 de abril de 2012
"Daquelas coisas."
Foi só saudade. Não fique envergonhado pelas palavras que usou. Não me sinto no dever de te apagar da minha vida. Sei que já passou muito tempo e que, realmente, essa conversa não tinha mais sentido, mas é da saudade essa artimanha. É da saudade esse querer-voltar, querer-ligar, querer-querer. Eu nunca gostei de falar do passado, mas não custa reviver por dois minutos uma meia-vida de alguns meses. Acontece que você me vem com umas conversas estranhas, fico sem saber se vivi tudo aquilo, mas concordo sempre e digo que sinto a falta também. Não duvide de tudo que já falei, acontece que as vezes a memória me falha. Não quis ser desonesta, mas você me pareceu sensível demais, e seria grosso de minha parte dizer não lembrar de nada. Eu lembro de muita coisa. Pelo menos, tudo aquilo que coube em um cofre de recordações que carrego em mim, de coisas simples, bobas, mas que sempre adotei como importantes. Eu lembro do nosso primeiro chocolate dividido, e de cada filme que assistimos, até porque guardo todos os tickets. Lembro de todos os cheiros que já senti em você, de todas as vezes que neguei a fome e a sede, por me sentir envergonhada. Lembro até das vezes que discutimos por você me achar boba demais, embora eu nunca tenha admitido. A gente sempre abusou do orgulho, e eu gosto de lembrar dessa parte, visto que foi o que usei pra te mandar ir embora da minha vida. Ok, foi saudade, eu respeito. Mas não adianta vir com essa de filme inesquecível, música que era nossa e cartas escritas a punho. Antes que me ache insípida demais, saiba que eu guardo até hoje aquele livro, aquele cheiro, aquela blusa, aquela mala, aqueles lenços, aquelas mensagens, aquele medo, aquele pedido, aquilo tudo que eu sempre guardei em mim. E ainda que meus pés continuem descalços, agora eu bebo mais água. E se já não tomo remédios, eu também não tomo tanto sorvete. Eu continuo a mesma, entende? Do jeito que você me viu passar. Só que meu ponto fraco agora é outro.
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