Páginas

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

        Eu não sei mais escrever. Rabisquei um monte de papeis, joguei fora. Queimei tudo que um dia escrevi falando de dor. Arrependimento logo bateu, por ser a dor, um dia, uma das minhas mais nobres fontes de inpiração. No lugar de caneta, carrego comigo agora um gelo em mãos, que derretem em fração de segundos. E dedico meu tempo enxugando-o, fazendo um trabalho debalde, tão frio ao mesmo tempo. Desconheço-me. Perdi a cor. 
 Escrever era o que eu mais sabia, era o que me fortalecia nos meus dias sem fé. Mas tenho fé, se é o que acho que sei. Não penso mais, não choro mais lendo cartas, porque não tenho no que pensar e as cartas eu rasguei. As únicas que tenho são as que escrevi sem destinatário, sem endereço, sem data.
 Hoje, agora, não sei do que falar. Me pergunta o que sou e responde em silêncio: silêncio! Porque o que eu escrevia era minha voz e isso eu não sei mais. Ainda assim, falo mais do que devia. Silenciando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário